Acordo gritando. Mais um daqueles sonhos… estou molhada de suor. Minhas mãos trêmulas refletem o meu estado de tensão. Não consigo parar de pensar no sonho, ou melhor, no pesadelo… um hospital com leitos vazios, repletos de sangue. Procuro ajuda. Grito e ninguém me escuta. Serão todos surdos? Por que parecem estar em câmera lenta? E essa mulher de vermelho… sempre me seguindo. Lembro-me dela. Quando terminava a aula de balé, ela dançava comigo a valsa de Tchaikovsky — Power and Passion. Não usava sapatilhas… apenas o longo vestido vermelho com a enorme fenda na frente de uma das pernas. Era linda, parecia uma deusa. Sua pele branca, seu rosto com traços finos e seus cabelos bem negros tornavam-na exótica. Seus olhos de cor castanho-amarelo intrigavam-me… sempre tive a sensação de que esses olhos me vigiavam.
Mamãe não gostava dela… lembro-me de que ela me obrigou a ir ao Dr. Ulisses para entender que essa mulher não existia, que era fruto da minha imaginação. Entendi. Mas no fundo sempre senti a presença dela… ali, com seus olhos me observando, me protegendo, me esperando…
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